Voltando do feriadão de Páscoa, deitada no banco com um sono incomum, mas sem dormir por causa dos bilhões de buracos na estrada e por uma lotação absurda do ônibus, isto incluindo os corredores, sendo que ainda assim ele insistia em parar a cada 100 metros, para “perguntar se alguém por perto não queria carona”, comecei a divagar sobre tudo.
Mais um fim de semana na terrinha querida tinha passado. Um fim de semana diferente, onde vi parentes que há muito tempo não via e não vi amigos que costumo sempre ver quando estou lá. Mas que igualmente sentei à mesa com os pais, aproveitei aquelas refeições em casa, com tudo preparado, sem precisar se preocupar com o que vai comer. Ouvi e contei novidades que por telefone não se podem transmitir. Deitei em colos. Botei as pernas pro ar.
Fiz as compras de Páscoa, ainda que a minha tenha sido sem chocolates, para os outros lá estavam eles, em cestas das mais variadas, junto com tudo que é tipo de coisa.
Observei pessoas, ri à toa.
Me vi fã de Harry Potter, assistindo ao quinto filme entusiasmada, por duas vezes e ainda fazendo propaganda. Ainda mais fã da mistura de ficção com realidade de “Quando Nietzsche chorou”, (o livro, não filme) que fez Dr. Breuer, o ainda desconhecido Nietzsche e o jovem Freud estarem debaixo do meu braço onde quer que eu estivesse, curiosa e intrigada com o suposto nascimento da psicanálise.
Dancei e suei. Só fui embora de festa porque nos mandaram e tava lá com a parceria firme dos irmãos. Minhas grandes paixões, sempre.
Sentei na grama e senti frio. Comi a cuca da tia Alice e laranjas debaixo da árvore. Corri atrás do cachorro e depois fugi dele.
Arrumei a mala e fui para a rodoviária. Alguns conhecidos, bastantes estranhos. Peguei “Canibais – paixão e morte na rua do Arvoredo” do David Coimbra pra ler enquanto o sol não tinha se posto. Não parei enquanto os olhos agüentaram. Então dormi, mas não mais que uns 10 minutos até a movimentação no ônibus me acordar. Passei a olhar pessoas e imaginar cenas de filmes ou de livros com a história delas. Ouvia as falas e inventava um contexto. Às vezes bem poético até.
Planejei assistir “Razão e Sensibilidade” e/ou “Orgulho e Preconceito” assim que chegasse, por ter curiosidade pelo diretor de ambos. Acabei assistindo ao segundo, de uma produção bela, delicada e charmosa, mas com roteiro fraco.
No fim da noite, me rendi a um sono bom, sem solavancos ou histórias inventadas de vidas alheias.